O meu acentuado problema de ego atinge neste momento
proporções épicas. Apesar de eu nunca o ter considerado um problema, visto
achar que tenho todos os motivos para assim o ser, deparo-me neste momento a
alcançar todo um nível de espectacularidade proclamada por mim acerca da minha
pessoa mesmo ao ponto de discordar com dois verdadeiro fenómenos da escrita
portuguesa, Fernando Pessoa e Luís de Camões.
Discordo quase completamente duma ideia suportada por este
grande senhor, que o poeta/escritor é o verdadeiro fingidor, capaz de
transcrever para o papel sentimentos que naquele preciso momento não o invadem.
Disso não discordo, eu mesmo já o fiz, mas posso argumentar acerca da qualidade
dos mesmos. Pois o que será um texto de teor sentimental quando a nossa alma, o
nosso coração, não é também transcrito? Inversamente, o que será um texto de
teor cómico quando apenas somos invadidos por tristeza?
Certamente todos os escritores são fingidores, e eu, sempre e completamente humildemente, considero-me um escritor, pelo que me sinto na perfeita posição para filosofar sobre este assunto. Fingir só nos leva até certo ponto. Todos nós a qualquer momento atingimos um ponto de ebulição no qual revelamos a nossa verdadeira identidade, e damo-la a conhecer ao Mundo. Um texto de teor cómico nunca atingirá o seu expoente máximo de qualidade quando a mente divaga por caminhos mais obscuros e trespassa a barreira do fingimento. Qualquer escritor deixa um bocado da sua verdadeira alma em cada obra, por mais insignificante que essa obra seja. A alma, tal como o estado de espírito, é mutável. Quem é possuidor da magnânima capacidade de ler nas entrelinhas e observar para além daquilo que simplesmente vê, conseguirá encontrar sempre traços do verdadeiro humor que o escritor sentia no momento preciso em que escreveu a dita obra. Mais não seja pela qualidade do mesmo, pois a tão necessária e indispensável inspiração não está a ser utilizada da maneira devida.
Certamente todos os escritores são fingidores, e eu, sempre e completamente humildemente, considero-me um escritor, pelo que me sinto na perfeita posição para filosofar sobre este assunto. Fingir só nos leva até certo ponto. Todos nós a qualquer momento atingimos um ponto de ebulição no qual revelamos a nossa verdadeira identidade, e damo-la a conhecer ao Mundo. Um texto de teor cómico nunca atingirá o seu expoente máximo de qualidade quando a mente divaga por caminhos mais obscuros e trespassa a barreira do fingimento. Qualquer escritor deixa um bocado da sua verdadeira alma em cada obra, por mais insignificante que essa obra seja. A alma, tal como o estado de espírito, é mutável. Quem é possuidor da magnânima capacidade de ler nas entrelinhas e observar para além daquilo que simplesmente vê, conseguirá encontrar sempre traços do verdadeiro humor que o escritor sentia no momento preciso em que escreveu a dita obra. Mais não seja pela qualidade do mesmo, pois a tão necessária e indispensável inspiração não está a ser utilizada da maneira devida.
Relativamente a outra exímia frase, também da autoria de um
grande génio semântico, a tão proferida “Amor é fogo que arde sem se ver”,
permitam-me também discordar. Quando o dito amor é puro, cru e indomado, a tal
chama metafórica é incontrolável, ao ponto de queimar tão dolorosamente que
será sempre visível. Poderias argumentar que isso seria a paixão, mas o que é o
amor sem paixão? Sem o desejo incontrolável, a constante necessidade, o
completo défice de lógica e toda uma ausência de racionalidade? Isso não é
amor, é simples convivência com alguém por quem se detém um carinho especial,
sendo que é possível controlar a nossa atitude. O verdadeiro amor deixa sempre
marcas, tão distintas que são inconfundíveis e impossíveis de não reparar.
Amor, quando é amor, é de tal maneira um fogo que atinge as proporções épicas
de um incêndio mortal.
Desculpem-me Nando e Camões, mas desta vez vou discordar de
vocês. É o que dá ser o maior.