domingo, 27 de dezembro de 2009

Culpem o Natal.

Recentemente um sujeito com o qual partilho grande parte da minha vivência (em virtude da disponibilidade do mesmo me proporcionar transporte gratuito de e para a minha actual residência, nada mais) afirmou algo que me deixou perplexo ao ponto de nem sequer me lembrar correctamente do que ele disse neste momento. Mas na altura em que citou tamanha frase recordo-me de um sentimento de nojo, isto porque o Zé Carvalho estava a beber um Capuccino (ou la como se escreve) do MacDonalds. Mas retornando à frase, o sujeito afirmou que se ria apenas por simpatia, ou seja, ele é daqueles safados cujos dentes são constantemente partidos e que não os mostra com sinceridade.
Dito assim, ninguem entende porque é que me suscitou tamanha perplexidade. Dito assim ou de outra maneira ninguem haveria de perceber, ninguem é tao idiota como eu. Numa tentativa de vos chamar a todos idiotas, vou fazer-vos entender o meu paradoxo. A frase nao fazia sentido aquando inserida no contexto que estavamos a retratar naquele exacto momento, que era o facto de aquele ignóbil sujeito se rir em frente à televisão. Agora imagine-se o dialogo: - Epa, seu ignóbil, tu tas-te sempra rir pá TV ! - Mas eu rio-me apenas por simpatia, pá !
Nao sera agora dificil de entender a perplexidade do meu desvaneio cerebral. Resumindo, aquela inteligência rara afirmou que se ri para a televisão nao se sentir mal por passar programas tão mesquinhamente pouco culturais ou até mesmo estúpidos. O que me deixa deveras comovido com a preocupação deste jovem para com o seu electrodoméstico, embora sinta pena pela ingenuidade, inocência, ou até mesmo parvalhice dele. Alguem o deveria informar de duas coisas: 1º, a televisão em si, o electrodoméstico mesmo, ou a caixa onde vêm pessoas pequeninas (para os leigos) nao tem culpa do que transmite, pelo que nao se sentira muito triste em nao fazer as pessoas felizes desde que continuem a fazer-lhe cocegas quando lhe carregam nos botões; 2º, e talvez menos importante, as televisões nao têm coração, ao contrário da Manuela Ferreira Leite, que tem 2. Ou 3, nunca sei ao certo. Certo certo é que ta a chover.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Mais uma caminhada.

Sei que algo espera por mim. Uma nova oportunidade, um recomeço que nao sera propriamente melhor, mas que espero sinceramente que nao seja pior. Um guiao novo, personagens ineditas, inesqueciveis e inigualaveis. Um local distante, longe daqui, nos confins de um territorio ainda inexplorado cujos segredos cabem a mim desvendar. Quero-me afastar da monotomia, da simplicidade e abranger situaçoes mais complexas que me satisfaçam o ego e a alma. Um caminho diferente, com encruzilhadas que nunca vao dar ao mesmo sitio, tao distantes quanto a nossa vista nos permite realizar, que façam as solas queimaram com o trajecto, que me façam sentir o desgaste fisico que anseio para uma sensaçao de satisfaçao plena. Seguir os mesmos trajectos de sempre, mas na direcçao contraria. Seguir sempre o mesmo caminho, mas indo para a locais diferentes. Simplesmente andar, mas com um objectivo traçado, um destino planeado e uma mente aberta.

Porque continuar a andar, senao sei para onde vou?

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Demonios.

Sinto-o rosnar dentro de mim. O meu demonio interior anseia pela liberlidade. O animal dentro de mim, o incontrolavel que detenho. A parte negra do meu ser, envolta em escuridao numa noite eterna e cerrada, numa dimensao na qual a fisica nao existe e o luar é insipido e despido de beleza. O por do sol nao mais tem interesse para a criatura que aguarda dentro do meu eu corporal. A minha alma a pouco e pouco deixa de pertencer a mim mesmo, ficando sob o dominio da fera. Esta besta que rasteja na minha pele, o animal em que temo tornar-me. Sinto-a, em cada respiraçao. Sinto-a no sangue. É graças a ela que sinto o cheiro a morte que anda no ar. A besta aguarda, impacientemente, a liberdidade prometida.

Nesta fatidica noite, em que a Lua nao apareceu e o Sol nao se pos, aguardo, com naturalidade, a transformaçao do meu ser como o conheço para algo aterrador completamente novo. Ja nao sou mais o mesmo, nunca mais o serei. Ja nao mais rosna dentro de mim, mas sou eu que rosno por ele.

Bem vindos sejam os demonios.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Mortos-vivos nao escrevem textos.

Cada inspiraçao enche-me os pulmoes com a mesma dor da solidao que sinto. Cada relance de um objecto no meu angulo de visao perturba-me o bem-estar. Cada raio de sol arde como quando nao chamas o meu nome. Cada movimento despedaça-me em mil pedaços que se espalham mundo fora. Cada som esvazia-me o cerebro e explode-me os olhos. Cada vez que nao falas morro mais um bocado. E ja nem quando falas me fazes sentir vivo outra vez. Sinto-me palido, fraco e morto. Nao sou eu que mato saudades, mas sim elas que me matam a mim.

Sim, so para dizer que tenho saudades tuas.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Salto nostalgico.




M
emorias passadas sao como simples rajadas de vento, lampejos de momentos passados, situaçoes de uma vida que, apos decorridos anos, nao mais parece a nossa face as modificaçoes a que foi sujeita. A nostalgia invade-nos a alma, a lagrima alastra pelo rosto. Olhamo-nos no espelho, ao mesmo tempo que nos recordamos da vida passada, e nota-mos a diferença. Inutilmente nos questionamos sobre o que nos aconteceu, inutilmente porque ja sabemos a resposta. Foi a nossa vida, da qual somos a personagem mais activa e principal. A memoria flasha, em esforço retornamos ao mundo do passado para preservarmos as memorias de outrem. Tempos de felicidade, ignorancia e inocencia. Tempos diferentes, talvez melhores, talvez piores. Mergulhamos numa sensaçao inexplicavel, somos consumidos pelo desejo de retornar o tempo e endoidecemos perante esta impossibilidade. O que foi ja era, o que vem tambem ira, e nada fica por cá.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Deja Vu.


As coisas acontecem. Um qualquer motivo pré-definido activa a sua concretizaçao ou as mesmas passam-se sem motivo algum. A unica certeza que é disponibilizada ao meu eu corporal é que algo se passa. Posso nao o ver, mas sinto-o. Uma vez mais, algo nao esta bem, sinto-o no sangue. Uma vez mais, paredes cedem sob acçao de forças invisiveis, colapsam com estrondos, ate que nada mais fica de pe. Uma vez mais o cheiro a morte anda no ar. Sinto que me repito, mas nao o consigo evitar. O guiao é sempre o mesmo, apenas muda a personagem secundaria. O mesmo cenario, apenas com figurantes diferentes. A mesma historia insipida, despida de lazer ou louvor. Uma aventura por si so nada aventureira, uma historia sem nada para contar.

Historia da minha vida,


por André Machado. (ya, sou eu)

domingo, 5 de abril de 2009

I'll always remember you.

You know I've seen a lot of what the world can do, and it's breaking my heart in two, 'cause I never want to see you sad.


it's a wild world,
it's hard to get by just upon a smile.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Prenuncio de morte.

Ouço a trovoada la fora. Tambem todo o meu eu corporal explode num turbilhao de sentimentos, alguns inexplicaveis, outros de facil esclarecimento. Algo nao esta bem, sinto-o no sangue. Sinto a falta de algo. A minha visao ja nao mais é a mesma, entorpecida pelos relampagos estonteantes. O corpo nao mais é o mesmo, enfraquecido pela peça essencial que lhe faz falta. Sinto como se um comboio tivesse chocado contra a parede que me protegia o coraçao, e agora a a tua entrada nao tem mais impedimentos. A muralha, outrora forte, esta novamente caída, e receio pelo pior. Temo que a historia se repita, o guiao seja demasiado parecido e o fim estupidamente previsivel. O som da trovoada aumenta, o ritmo cardiaco diminui. A chuva junta-se a este aparato de sentimentos, uns inexplicaveis, outros de facil esclarecimento. Apercebo-me que afinal ainda sou eu mesmo, o mundo mudou, embora eu permaneça na minha esfera existencial, na minha concha de protecçao. Sinto.me branco, tal como a luz que emane dos trovoes. Trovoes poderosos que me enfraquecem. o Mundo ja nao mais é o mesmo, entro numa sala e reconheço a cara de todos apenas para me aperceber que afinal nao conheço ninguem. Fecho os olhos, escuto atentamente. Sinto tudo à roda, o chao, as paredes, as pessoas. Berros enchem-me os ouvidos, sombras penetram-me os olhos, ofuscando-os inexplicavelmente. O sangue que me corre nas veias parece solido, pois todo o corpo me doi. A janela nao vai aguentar. O tempo e o espaço deixam de existir, junta-se tudo numa esfera dimensional. Abro os olhos. Sou o unico que permanece de pe, o vento arrepia-me e o cheiro a morte anda no ar. Caio no chao. Fecho os olhos lentamente, pois sei o que vem a seguir. O ribombar dos trovoes aumenta, o ritmo cardíaco cessa para nao voltar mais a existir.

Algo nao esta bem, sinto-o no sangue.

Mais um dia estupido como o caralho que o foda.

Um dia passado em casa é um convite ao desperdicio de convivio, uma confortavel estadia na terra do aborrecimento e o apressar do nascimento de varises em sitios menos apropriados. Ao inicio do dia o nosso estado de espirito esta em estados favoraveis, com acessos de alegria e a rejubilar fortemente enquanto se regozija o facto de termos por diante um dia sem qualquer acto pesaroso planeado. Depois, ao observar.mos que as condiçoes climatericas favorecem a nossa estadia dentro da nossa habitaçao, o sentimento de superioridade invade-nos a alma como a droga invade a corrente sanguínea. Extremamente felizes e com o ego plenamente satisfeito, liga-mos uma consola, encostamo-nos à almofada e damos inicio ao processo de aproveitamento do dia.
Depois é o caralho. Passados 30min, o sol que entra pela nossa janela cobre-nos a cara obrigando-os a adoptar uma expressao facial de estupidez pura perante tal espectaculo. Assim, com a frustraçao a crescer, o jogo começa a correr mal e arremessamos o controlo para a parede mais proxima, com um proposito nao muito bem definido mas satisfatorio. Decidimos desligar a consola e relaxar a ver televisao. Como se nao bastasse o rafeiro do Sol a esbarrar.nos no focinho, o 1º canal que nos aparece é a TVI, com um programa extremamente culto musicalmente, atraves da transmissao ao vivo do melhor artista portugues, Tony Carreira. Adoptamos assim uma expressao facial de raiva, e num acesso descontrolado de furia muda.mos de canal. No entanto, muda-mos para o Canal Panda e esta a dar um desenho animado sobre as glorias de grandes bestas selvagens, os ursos, embora estejam meio apaneleirados. Com medo de nos afeiçoar-nos a eles, desliga-mos o aparelho. O telemovel toca. Uma alma ainda mais perdida que nos requesita a nossa apariçao no cafe do costume. Dizemos que sim, e com a alma novamente a rejubilar mas por motivos diferentes, demoramos algo como 45min a prepararmo.nos para abandonar a habitaçao. Chegados la fora, passados apenas 30s apos abandonar.mos o conforto e a segurança do lar, somos trespassados pela chuva e pelo vento, que sao os espelhos da ira de Deus pelas calças que o Michal Jackson usava nos concertos de antigamente.


Shit Happens.